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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

CLIT Zine #1


CLIT – do grego kleitorís. Porque nada poderia ser tão nosso, tão íntimo e ao mesmo tempo tão político, cercado de tabus e ainda assim uma fonte inesgotável de inspiração e fôlego. Latejamos por mudanças, pulsamos de indignação e explodimos em novas possibilidades.

CLIT Zine foi idealizado com o objetivo de aproximar o formato de publicações acadêmicas atuais do velho e bom zine faça-você-mesma. O objetivo do CLIT é se apropriar de conteúdos dentro da arena do feminismo e questões políticas relacionadas, trazendo para o cotidiano aquilo que chamamos de práticas teóricas.

Conciliar teoria e prática é um desafio e tanto, e duas mulheres feministas resolveram se arriscar nessa missão. Acreditamos que é preciso criar discursos que contestem nossas opressões, para então transformar a realidade, formando também a base necessária para nossas ações.  Informação é poder, e este zine nasceu da vontade de compartilhar ideias e contribuir com a democratização do conhecimento.

O foco do zine, como já fica claro, são os feminismos. Dessa forma, entendemos feminismo como o conjunto de teorias e práticas não necessariamente convergentes, porém sempre focadas em propostas para a solução da subordinação das mulheres. Trataremos da extensa produção teórica e também dos movimentos de mulheres, com o devido enfoque libertário que marca o nosso posicionamento.

Como feministas , anarquistas e veganas, pretendemos ainda explorar os instrumentos que nos permitem analisar nossa realidade social, lançando mão de gênero, raça/etnia, espécie, sexualidade, classe, geração, etc. As publicações do   CLIT  estão situadas dentro do contexto brasileiro, visto através de um olhar feminista e libertário que analisa métodos para alcançar uma sociedade mais justa e igualitária, com as liberdades individuais asseguradas em harmonia com a coletividade.


O zine representa a pecinha que nós podemos acrescentar nesse gigantesco quebra cabeça que é a luta pela transformação social, instigando a reflexão e o debate entre aquelxs que compartilham as mesmas angústias.

*zine anarca-feminista, 28 paginas, tamanho ½A4, zine de mina pra mina, com foco nos feminismos...



sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

A nossa expulsão - Florentino de carvalho(1919) e Conto Extraordinário - Gigi Damiani (1904) - Livreto artesanal

Contos Extraordinário (Gigi Damiani)

Falava o espírito pela boca do médium: - Quantas milhas fiz eu correndo sempre... com aquele pesado saco de moedas ao ombro? Quantas?
     Não me lembro, não sei. Vi por duas vezes o sol descer atrás dos montes – disto lembro perfeitamente – por duas noites ouvi risadas sinistras dos chacais nas florestas. Mais eu temia as feras... Porque era meu... e muito meu... de legitima propriedade... Com as armas na mão, tinha-o conquistado... arriscando a minha vida.
     Ao romper da aurora do terceiro dia, porém, cai exausto, sem forças e quase morto de fome... de sede – oh! A sede! – de cansaço. Mas o saco das moedas de ouro tinha-o sempre bem apertado contra o peito, e nenhuma destas, tenho plena certeza, tinha caído.
     Um homem passa a dois metros de onde eu estava sentado, um homem estranho, sem idade, magro, com crânio à guisa de torre e só vestia uma túnica...
     Talvez um escravo, talvez um sábio, talvez um louco, um forçado.
     Chamo-o – ele se aproxima – e, quando está bem pertinho de mim, pergunto-lhe:
     - Onde é que há por aqui um hotel?
     Respondeu-me:
     - Aqui não há hotéis.
     - Não importa: veja alguém que me queira arranjar um pedaço de pão e uma vasilha com água... pagarei bem... tenho dinheiro... muito dinheiro...
     -Dinheiro? Mas o que é o dinheiro?
     ...Teria eu porventura penetrado em um país selvagem?  Teria, quem sabe, saído para fora da humanidade racionável? Em que planeta teria eu sido atraído? Zombava de mim aquele homem?
     Não obstante isso, desatei o saco, tirei um punhado de moedas de ouro – oh! Como resplandeciam aos primeiros raios de sol... oh! As lindas moedas! – e lhas mostrei, fazendo-as tinir...
     Assim mesmo o homem não compreendeu... olhou de um modo curioso aquele cintilar, sem comover-se, sem demonstrar o mínimo desejo de possuir um pouco de precioso metal, e repetiu tranquilamente:
     - O que é o dinheiro?
     Reuni as poucas forças que me restavam, levantei-me e: pulsora da vida, o eixo da ordem social? O único meio pelo qual chega a felicidade? Vés com o dinheiro, com este – porque é dinheiro, bom, dinheiro legítimo – se abrem canais, se unem os mundos, se partem as montanhas, se chega á gloria, se conquistam nações, se fundam indústrias – se compra o amor... se vence, se goza, se vive...
     - Com esse?
     - Sim, idiota... Com esse... Não tendes então aqui no vosso país, se é aqui há um país, nem comércios, nem artes, nem indústrias? Do que é proveniente o vosso bem estar?
     - Do trabalho!
     - Pois é, do trabalho... quem é pobre trabalha, mais, quem tem desse, não trabalha mais... faz os outros trabalharem... Quem tem desse e bastante, como eu, não tem necessidade de nada... é o patrão... são os outros que necessitam dele: os pobres! Quem desse, repito, tem tudo, também o impossível.
     Então aquele homem disse:
     - Pois bem... já que tu necessitas de nada... nem de mim... que és o patrão... que tens o ouro... retiro-me, adeus!
     - Mas estou com fome, gritei, tenho sede!...
     - Come o teu ouro, bebe o teu ouro...
     E voltou-me as costas.






sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Punx desconstruindo o sexismo - Zine AnarcxPunk


Em suas mãos um zine que trata de um problema recorrente na cena punk e na sociedade de modo geral, o sexismo. Ele surgiu da idéia de se abrir um debate coletivo sobre o tema, que muitas vezes é esquecido ou é tratado como um problema não existente, o que infelizmente, não
é verdade. Os abusos sexuais em gigs, a violência física, verbal e emocional em diversos âmbitos da cena continuam acontecendo, e de modo geral, continuamos tratando
apenas como casos isolados, conflitos de casal, acidentes e desculpas afins. Desta forma, continuamos perpetuando comportamentos sexistas em nosso meio, o presente zine se propõe a
instigar o desejo pela desconstrução deste comportamento sexista por meio de análises do problema e propostas de mudança, com ênfase nas relações entre homens e mulheres. Acredito na destruição dos papéis de gênero, da heteronormatividade e do binarismo sexual, porém, eles
existem, e existirão até que possamos compreendê-los e desconstruí-los. Os textos aqui presentes abordam o tema sexismo de maneiras diferentes e algumas vezes contraditórias, e isto é proposital. Acredito ser necessário introduzir opiniões diferentes para que se possa imaginar e construir as medidas necessárias para cada cena punk em particular, pois, cada uma é dotada de peculiaridades que alteram o modo como se deve encarar este problema que é tão complexo e que permeia tantas questões, como racismo, homofobia, religiosidade, culturalismo e
consumismo. O texto “Punk versus sexismo” foi escrito pelo coletivo, zine & distro Profane Existence, contém informações e propostas interessantes para nosso meio. O texto “Você não pode quebrar meu espírito” foi escrito por Adrienne Droogas, que fez e faz parte de várias bandas e coletivos e que aborda de maneira pessoal e intensa o sexismo em sua vida. (Ambos os textos foram livremente traduzidos) E temos o texto da Naira (que não tem mais nenhum envolvimento com a cena punk, porém seu texto, escrito em 1999, ainda é contundente) retirado do encarte do split Execradores/Sin Dios, Os demais textos e imagens
são de produção deste zine ou foram encontrad@s sem informação autoral, em todos os casos, a
cópia é livre, assim como parte ou todo do zine. (copyleft fuck off). As normas gramaticais foram propositalmente esquecidas. Por mais que de modo geral a escrita se enquadre nela, isto não foi buscado, as normas gramaticais, em geral, são por si só discriminatórias e sexistas, logo, devemos libertar as palavras dela.Como geralmente utilizado em nossa (punx) escrita o “@” e o “x” definem tanto “o” quanto “a” transformando as palavras em palavras de gênero único, neutro. Também é importante deixar claro que este zine não é para esta ou aquela pessoa, nem a nenhum grupo ou banca específic@, o zine é para tod@s integrantes do movimento e até mesmo para sociedade como um todo, porém, o zine é direcionado especificamente para cena punk, porque, se tratarmos de forma geral, caímos no velho hábito de criticar a sociedade e não a nós mesm@s.


Igualdade não é um mero slogan - é um compromisso.                                                                      
Este compromisso só vai funcionar quando nós o sustentarmos e exercermos na teoria e na prática, em nossas vidas diárias.                                                                                                             
Quando trabalhamos para atingir isto dentro do movimento punk, também estaremos trabalhando no sentido de alcançar a igualdade e combater o sexismo na sociedade.               
Este é um processo contínuo e que deve se manter para evitar retrocesso aos velhos hábitos.      
É também essencial que os novos membros da nossa comunidade sejam educados, não só
as causas, mas também aos métodos para combater o patriarcado, o sexismo e a violência sexual.
Se cada um de nós usar estas táticas em nossas vidas diárias, isto permitirá a todos nós uma voz
e um meio para enfrentar o sexismo (e outras formas de opressão).
Este é um conjunto fundamental de direitos para todos.                                                                
A sensação geral de respeito um pelo outro irá fortalecer a nossa comunidade interna, e fornecer meios para seriamente começarmos a combater a opressão.


*zine 32 paginas, tamanho A4, que trata exclusivamente da questão do sexismo...




quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

I.A.P. n°1 (punkzine de la Internacional Anarco Punk) Costa Rica, Noviembro 2016

PUNKTORIAL I.A.P.
Saludos compañeros y compañeras, aqui te presentamos este primer número de esperamos muchos más, de la internacional anarco punk, este primer número está elaborado por el colectivo estmapida libertaria.
Em el VIII encuentro realizado em costa rica se acordo que cada número del zine de I.A.P. fuera elaborado em um pais distinto y costa rica al ser el país donde se realizo el encuentro pues el que comienza este hermoso proyecto de informacón y a la vez mantener vivo lo que es el fanzine anarko punk.
Esperamos que este numero de uma idea um poco más clara de la situación del país em que vivimos, al igual que em muchos píses uma escena llena de altibajos y problemas internos y externos personales y colectivos uma lucha constante contra esse fuego interno que nos mantiene luchando soñando y creando para lograr esse cambio que buscamos hacia um mundo mejos.
Recordemos que el cambio empieza em nosotrxs, cuestiónate y cusetiona lo demás, como leé em algún fanzine, La Revolución más que ódio a lo injusto es amor a lo justo. Todo se basa em um cambio sincero y acciones congruentes.
No hay limites para ser mejores

Organizate y aktua!!
Mis pecados son haber renunciado a sus instituciones, poseer un asqueroso diploma sobre el cual sustentar mis argumentos. 
Son no pensar que el trabajo dignifica, Son desertar de sus empleos de ocho horas.
Son traicionar los principios sobre los que se rige la masculinidad. 
Son no ser el sostén economico que define el hombre de la casa.
Haber desahuciado al bastardo de dios de nuestra cabeza pra re matarlo con nuestra conviccion. 
Son no creer en sus procesos democráticos.
Son evidenciar las tantas contradicciones e infamias que cometen los grupos alternativos, desde el rojo hasta el blanco, los cuales no presentan alternativa alguna.
Son haber deconstruido la moral impuesta y haber creado mi propia ética.
Son heber rechazado la normalidad.
Mis pecados quizá sean sintomas de locura pero mi realidad me indica que lx cuerdx muertxs están.
La cárcel mental.
La sociedad-prisón.
Nuestros crímenes son la sinceridad ye el rechazo a corrompernos.
Que gracioso.
Corrupción.
la palabra explica todo y a la vez no explica nada.
Justo como el comportamiento de las mayorías.

Leonardo, desde El Salvador.
 
*punzine de 38 paginas tam. A4, de la Internacional Anarco Punk, com textos sobre carta de apresentação da I.A.P., AnarkoPunk na costa rica, sistema de educação, 100 anos de escravidão (zoológicos: recintos de crueldade), libertação animal, conto, violência sexista,  EZLN-CNI,  relato do encontro, fotos do encontro, colagens, anarquismo na costa rica, anarko punk en el Salvador, princípios de I.A.P., problemática das hidroelétricas na costa rica, culturas ancestrais na guatemala 2016, entrevista, repressão na costa rica...